Assuma o cabelo CRESPO
Nada de alisar! Especialista em estética afro garante que dá para ficar bonita do jeito que se é.
Alisamento, chapinha, relaxamento, massagem, escovas progressiva, inteligente, japonesa e achocolatada. Não faltam no mercado técnicas dos mais variados graus de agressividade para espichar os fios. Afinal a ditadura da beleza branca impõe: cabelo bonito é cabelo liso. Mas será que para as mulheres negras essa é a melhor forma de valorizar sua beleza natural? Os especialistas em estética afro garantem que não. Para eles, lutar contra a genética do cabelo crespo é sinônimo de baixa auto-estima e pior: quase sempre as madeixas ficam com um aspecto catastrófico.
“A massagem ou alisamento é uma química muito forte. A pessoa acaba saindo com o cabelo duro, quebradiço. Para completar tem que ficar retocando a raiz de mês em mês. Nesse meio tempo fica fugindo da água” diz a cabeleireira Arleide Nascimento, especialista em tranças e penteados afros. Ela ainda explica que nem todos os processos de alisamento funcionam no cabelo crespo, como é o caso da escova progressiva. “Não pega, porque não é adequado para a genética negra”, complementa.
Existem basicamente três tipos de trançado. O nagô, também chamado “de raiz”, é ideal para as pessoas ousadas que buscam praticidade para cuidar da aparência no dia a dia. As tranças ficam rente ao couro cabeludo, formando desenhos. Pode ser feito somente na parte frontal-superior da cabeça, deixando parte dos fios (com ou sem tranças) livres para fazer penteados. “O melhor é que a pessoa pode brincar com as madeixas. Em minutos, o cabelo ganha um visual mais produzido ou mais casual, dependendo da forma como de amarra”. Ao contrário do que se pensa, os cabelos podem ser lavados diariamente com muito xampu ou sabão de coco e nunca condicionador, para não dar caspas. Usar somente a ponta dos dedos no banho e depois secar os fios com jatos frios são as melhores opções.
O segundo tipo, conhecido por “rastafari” ou “dreadlooks”, é preferência masculina. O modelo é uma espécie de rolinho de fios, aglutinados por cera de abelha de acordo com a textura do fio. “Quanto mais crespo, menos cera é necessária”. Quem pensa que o penteado é sinônimo de sujeira está enganado: pode-se lavar o cabelo normalmente. É preciso, mais uma vez, secar fios com cuidado, para não evitar que eles fiquem muito tempo na humidade, principalmente quando impregnados de sal ou cloro, pois o “dread” pode quebrar.
O terceiro tipo é o “frisado”, um aplique longo de fios cacheadinhos, que são amararrados no cabelo da pessoa com elastex. O modelo dá um ar jovem e descolado, além de ser muito versátil, podendo facilmente aderir a diferentes formas de arrumação. A aplicação, sem o material, custa em média R$60. Em qualquer um dos trançados, uma dica preciosa é dormir de touca, lenço ou rede na cabeça, de forma a evitar que o penteado fique com aspecto bagunçado. A duração das tranças pode ir de 15 dias até três meses, dependendo do cuidado na sua manutenção.
